The Washington Post
A árvore da família humana agora tem outro ramo, uma “espécie irmã” africana e dos grandes Neandertais que uma vez andavam pela Europa.
Mesmo que nenhum osso fossilizado tenha sido achado desse povo enigmático, eles deixaram um cartão de visitas nos africanos atuais: trechos de um estranho DNA.
Só existe uma maneira de que esse material genético possa ter sido introduzido na população humana moderna.
“Geneticistas gostam de eufemismos, mas aqui estamos falando de sexo”, disse Joshua Akey da Universidade de Washington, cujo laboratório identificou o DNA estranho em três grupos de africanos modernos.
Esses amantes genéticos deixaram traços de DNA que não se parecem com nenhum dos humanos modernos. O estranho DNA também não se parece com o DNA Neandertal, que aparece no DNA de alguns europeus modernos, segundo explica Akey. Isso significa que o novo DNA identificado veio de um grupo desconhecido.
“Estamos chamando ele de espécie irmã Neandertal na Africa”, disse Akey. Ele ainda diz que o cruzamento aconteceu mais ou menos 20.000 a 50.000 anos atrás, logo depois de alguns humanos saírem da África para colonizar a Ásia e Europa, e nesse mesmo período os mesmos Neandertais estiveram vagando pela Europa.
Akey diz que os europeus atuais não mostram evidências de um DNA estranho, o que significa que essas pessoas misteriosas estavam confinadas à África.
Os achados mostram evidências de que, por milhares de anos, os humanos modernos como conhecemos hoje, compartilharam a Terra com primos evolucionários que depois morreram. E sempre que um grupo se conhece, eles naturalmente se cruzam.
A idéia controversa de que os seres humanos teriam se misturado com outras espécies é amplamente aceita hoje em dia entre os cientistas. De fato, seres humanóides parecem ter existido e é onde os humanos conheceram outros os quais se pareciam com eles.
Em 2010, pesquisadores no Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária na Alemanha anunciaram achados de DNA Neandertal nos genomas de europeus modernos.
Pessoas grades, de sobrancelhas grossas, narizes grandes e rostos achatados se dividiam dos humanos modernos, os Neandertais desapareceram de 25.000 a 30.000 anos atrás.
Outro misterioso grupo de pessoas extintas conhecidas são os Denisovans – recentemente identificados através de um osso de dedo na Sibéria – também deixaram algum DNA nos moradores das ilhas do pacífico.
E enquanto os humanos modernos e os novos africanos “arcaicos” encontrados podem ser classificados como espécies distintas, eles acharam uma maneira de produzir uma descendência viável. Da mesma forma que macacos e cavalos, leões e tigres e baleias e golfinhos podem se cruzar e gerar bebê.
“Eles teriam que ser similares o bastante em aparência anatômica aos humanos modernos para que a reprodução pudesse acontecer”, disse Akey. Mas sem fósseis em mãos, é impossível dizer com o que essas pessoas se pareciam.
Uma coisa é clara: esse enigmático grupo deixou seu DNA espalhado pela África. Os pesquisadores os encontraram nos habitantes pigmeus das florestas da África central e em dois grupos de aldeias de caçadores no outro lado do continente: nos povos de Hadza e Sandawe da Tanzânia.
Há uma década atrás, uma equipe liderada por Sarah Tishkoff da Universidade da Pensilvânia analisou o sangue de cinco indivíduos em cada um dos três grupos. Usando a última tecnologia em genética, Tishkoff gastou 150.000,00 dólares para ler ou sequenciar o DNA dessas 15 pessoas.
A pesquisa foi postada Quarta-Feira no jornal Cell.
“Esse é um trabalho de ponta sobre genética”, disse o geneticista Spencer Wells, um explorador da National Geographic.
“Essa enorme análise de genoma realizada por essa equipe é realmente revolucionária para nosso entendimento da história humana. É uma hora excitante estar nesse campo, mas é muito difícil interpretar esses novos dados.”
Wells disse que o crânio mais antigo humano, encontrado na Etiópia, data de 195.000 anos atrás. Então, por mais de 150.000 anos, os humanos compartilharam os planeta com espécies primas.
Apesar das enormes dificuldades, só um grupo sobreviveu: nós.