quinta-feira, 9 de abril de 2015

DISNEY - MALÉVOLA: A HISTÓRIA DE LÚCIFER NA VISÃO DOS DERROTADOS.


Trago hoje um novo post. Assisti a pouco no canal fechado, o filme Malévola (do original em inglês, "Maleficent"). Uma super produção, diga-se de passagem, com bonitos efeitos. Contudo, tal foi minha surpresa ao me deparar com uma história já minha conhecida e, talvez, um tanto assustadora para quem não está familiarizado. Não me refiro ao conto de fadas "A Bela Adormecida", a respeito do qual a Disney já havia lançado na forma de desenho. Em resumo, o filme, com inspiração no clássico de 1959 da Disney, é narrado sob o ponto de vista da protagonista, a bruxa Malévola, interpretada por Angelina Jolie. Aqui conhecemos outra versão da história: (aqui contém Spoiler!) Malévola costumava ser a mais poderosa protetora do Reino dos Moors, um reino povoado por seres fantásticos. Após sofrer uma terrível traição do Rei Stefan, ela se vinga rogando uma maldição na filha deste, a princesa Aurora. O que Malévola não contava é que desenvolveria um grande laço de afeto com Aurora, e consequentemente, arrependeria de sua própria maldição.
Mas o que me deixou apreensivo, a ponto de assistir ao filme por duas vezes seguidas foi algo que podemos chamar de "a estória dentro da estória". Existe em exegese bíblica algo conhecido como “lei da dupla referência[1]”; diz respeito aos textos proféticos, onde um mesmo vaticínio pode referir-se a algo imediato, local e ao mesmo tempo fazer alusão a um momento vindouro de cumprimento da mesma profecia; é algo que pode ser detectado a partir de uma análise mais profunda do texto sagrado, não sendo necessariamente aplicável a todas as profecias bíblicas.
O filme “Malévola”, por si só, possui “um toque” de questionamento dos conceitos pré-estabelecidos, já que retrata uma figura, que em épocas passadas tinha toda uma representação do vilão para qualquer criancinha que o assistisse. Mas, no enredo atual, com a roupagem nova dada pelo diretor Robert Stromberg, Malévola é na verdade “a mocinha”, enquanto que o rei Stefan é o vilão. O engraçado desta inversão de certo e errado, é que a própria atriz Angelina Jolie, falou em entrevista que, quando se vestia da personagem assustava a maioria das criancinhas por causa do seu figurino sombrio, escolha da própria atriz.
Apesar de a estória original dizer respeito ao conto da Bela Adormecida, como já falado, existe outra história, intrinsicamente ligada à estória principal, mas que pode ser facilmente detectada por qualquer um que tenha se debruçado sobre os conceitos de Angelologia, que é a doutrina teológica de estudo dos anjos.
Nos livros da Bíblia Sagrada de Ezequiel e Isaías, mas especificamente, capítulos 28 de Ezequiel e 14 de Isaías, há uma história onde a lei da dupla referência é bastante visível, quando da análise exegética do texto. Ezequiel 28 possuiu uma profecia relacionada ao rei da cidade de Tiro (Alguns o identificam como tendo sido Ethbaal III, que reinou de cerca de 591 a 572 a.C. Outros o identificam como Ithobal II ou simplesmente “Ithiobalus”), onde Yahweh, Deus do povo judeu, julga e sentencia tal rei, pelo fato do mesmo ter sido tomado por uma soberba altivez, a ponto de se considerar como um deus. Já a partir do versículo 12 do referido capítulo, o texto profético toma uma conotação mais aprofundada, onde a maioria dos exegetas considera que esta passa a tratar de uma referência, não ao próprio rei de Tiro, mas sim ao poder sobrenatural, ou ser espiritual que estava por detrás deste, ao qual o primeiro servira apenas de marionete (Ez. 28:12-49).
Já em Isaías capítulo 14, o vaticínio alude ao rei da Babilônia, a grande nação opressora de Judá; a partir do versículo 12 (Is. 14:12-15), já é notada a referência a algo superior ao próprio rei babilônico, sendo inclusive um versículo chave para o estudo quando cita “Como caíste desde o céu, ó Lúcifer, filho da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!”[2]
Na versão da bíblia “Almeida Revisada Imprensa Bíblica” traz o mesmo texto da seguinte forma: “Como caíste do céu, ó estrela da manhã, filha da alva! como foste lançado por terra tu que prostravas as nações!”, onde se vê o significado do nome Lúcifer, Lucis (luz), feris (que conduz). Apesar de ser a forma mais conhecida do nome do querubim, esta só aparece na tradução da Vulgata Latina, onde a bíblia foi transliterada do hebraico para o latim.
Já de acordo como o Westminster Leningrad Codex, do mesmo texto de Isaías 14:12, aparecem os termos “nphlth  shmim  eill  bn”[1], que com o acréscimo das vogais lê-se “nephalth  shamaim Heill  benai,” traduzindo, “caíste do firmamento, portador da luz, filho da alva”. Uma informação  mais detalhada a respeito do tema pode ser vista em: Eliel Gaby - Seminários, Palestras e Escola Bíblica (que postaremos no final.)
 Voltando ao filme “Malévola”, fazendo uma comparação com os textos ora expostos, pode-se inferir assim: Malévola é um ser alado, uma “fada”, senhora de um jardim povoado por seres fantásticos, onde era soberana; onde se podiam ver diversas luzes, de variados brilho e tonalidades. Algo muito semelhante a:
“Estiveste no Éden, jardim de Deus; de toda a pedra preciosa era a tua cobertura: sardônia, topázio, diamante, turquesa, ônix, jaspe, safira, carbúnculo, esmeralda e ouro; em ti se faziam os teus tambores e os teus pífaros; no dia em que foste criado foram preparados.”[4]


No reino de Mors, Malévola vivia em paz e perfeita harmonia:
“Tu eras o querubim, ungido para cobrir, e te estabeleci; no monte santo de Deus estavas, no meio das pedras afogueadas andavas”.[5]









Ela (Malévola) nutre amizade com Stefan (cuja tradução do nome significa coroado). Com o passar dos anos a fada (ou anjo, ou querubim...) vê o seu reino ameaçado por exércitos de um certo rei, chegando inclusive a combate-lo em defesa do reino de Mors  (seu reino particular). Então, para não perder seu reino, circunda-o de uma muralha de espinhos, impedindo o avanço das tropas reais.
Com o objetivo de exterminar Malévola e o seu reino, o rei já velho e cansado, decide que, aquele que conseguisse mata-la, herdaria, não apenas a sua coroa, mas também a mão da princesa, sua filha. Stefan, na ganância de tornar-se rei, engana e trai Malévola e, intentando matá-la, perde a coragem, poupando-lhe a vida, mas arranca-lhe as asas, para que servisse de prova forjada da sua morte perante o rei; o que dá certo e Stefan consegue então a coroa.
Não seria mera coincidência nem forçar a barra, a semelhança com a épica batalha entre o Cristo e o Anjo Caído, só que agora contado na versão do perdedor. O rei Stefan, que “coincidentemente” tem semelhança com o Jesus ocidental (de barba, cabelos longos), só que com a feição desgastada, é quem faz o mal nessa versão da estória, “traindo” a amizade que existia entre este e a fada-anjo, que inclusive, fizera as pazes com o mesmo antes deste querer tornar-se rei a qualquer custo.
A partir desse fato, da perda da suas asas, a fada-anjo Malévola, torna-se iracunda e vingativa, o que afeta todo o seu reino, onde na cena é retratado com a sua aproximação espalhando trevas por todo os lados de Moors. O reino brilhante e pacífico de Malévola, torna-se um reino amargo e tenebroso.
Na versão bíblica, diferente do retratado no filme, após o querubim protetor perder suas asas, o que acontece é que este é arremessado do céu à terra como um raio: “Respondeu-lhes (Jesus) ele: Eu via Satanás, como raio, cair do céu.”[6] , e ainda: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti [15].Na multiplicação do teu comércio encheram o teu interior de violência, e pecaste; por isso te lancei, profanado, do monte de Deus, e te fiz perecer, ó querubim cobridor, do meio das pedras afogueadas.[16]. Isso porque, ainda segundo o relato bíblico, o anjo caído tentou, após se corromper, uma invasão aos céus, na tentativa de igualar-se ao Altíssimo, conforme registra Isaías 14:13-14: “ E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu; acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono; e no monte da congregação me assentarei, nas extremidades do norte;[12] subirei acima das alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.”[13].[7]
Em conversa deste anjo-fada-caído com a humana ingênua, destacamos aqui, a revelação de Malévola a Aurora, no jardim; é quando a princesa pueril acredita ser esta sua fada madrinha, pois, segundo a princesa, a mesma já a observava “das sombras” desde o seu nascimento. Aurora pergunta a respeito das asas de Malévola, se toda fada-anjo possuía, porque ela não as tinha – ao que Malévola responde: “Foram roubadas de mim”; e completa: “é tudo que tenho a dizer sobre minhas asas”. Quando a frágil humana pergunta se suas asas eram grandes, esta responde positivamente, que com elas podia voar até acima das nuvens...Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.” (Isaías 14:14)




Outro aspecto interessante da nossa personagem principal diz respeito à sua indumentária. Como já falado, a figura tenebrosa desta, em nada se assemelha com a concepção da mocinha “do bem”, habitual de Hollywood. Além das características da Malévola clássica do desenho da Disney, essa nova versão tem diversos figurinos de acordo com a cena ou ocasião. Em um deles, ela apresenta, além dos temerosos chifres, um couro de serpente em forma de turbante. Futuramente pode ser vista a combinação do “anjo com chifres”, “serpente” e “dragão”, lutando em uma mesma cena, a respeito do que falaremos mais a frente.
Do nascimento da filha do rei Stefan, cujo nome “Aurora” pode significar, princípio, início, nascimento, vemos uma representação do ser humano na sua mais pura ingenuidade, coberta de inocência desde o seu surgimento. A menina Aurora é criada em meio à natureza, passeia no jardim, como nossos primeiros pais antes da queda, como retrata o livro dos Genesis, Bereshit - princípio em hebraico.
Vemos que a menina aurora é observada nas sombras a todo momento pela fada-anjo, que vê na menina o objeto da sua vingança contra o rei Stefan.
Contudo há no filme uma reviravolta, quando a própria Malévola se arrepende do mal causado à frágil humana e tenta inutilmente desfazer o feitiço lançado contra ela pela própria fada-anjo.
Mais a frente, Aurora descobre que na verdade fora vítima de uma maldição e, ao conversar com a fada-anjo, a pequena humana percebe que na verdade fora ela, Malévola, a responsável pela jura que se abatera sobre a própria princesa. Ao descobrir que estava sendo enganada todo o tempo por Malévola, Aurora, se recusa a permanecer no Jardim, ou reino de Moors, e sai em busca da sua verdadeira origem. Desta cena surge uma afirmação interessante da pequena e delicada humana: a de que Malévola é "a responsável por todo o mal que existe no mundo" (qualquer semelhança não é mera coincidência...)






















Nesta "nova versão" da eterna batalha entre o bem e o mal, o "anjo que perdeu as asas", ou "Maleficent" no original inglês, trava uma batalha final contra "O Coroado", onde, é claro, o anjo-fada, com a ajuda do humano, recebe de volta as suas asas (aquela mesma que permitira ao anjo-fada "subir até as nuvens"). Então vê-se uma cena interessante: três seres míticos (se é que podemos chama-los assim), juntos na batalha final contra o rei, qual sejam, o dragão, a serpente e o anjo caído; esses dois últimos representados por Malévola, enquanto que o dragão é “Diaval” (ou Devil=demônio), o ajudante que se tornara “as asas” da anjo-fada. O que nos reporta para o livro do Apocalipse, capítulo 12, versos 7 – 9:
“E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão, e batalhavam o dragão e os seus anjos;[7]Mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou nos céus.[8]E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele.”[9]


O diferente aqui é que, nessa estória da Disney, diferente do relato bíblico como já havíamos falado, o anjo-caído-fada consegue a vitória e, “coincidentemente”, o “Rei Coroado”(Stefan=coroado) é que é precipitado e morto.
O filme termina com a frase “a estória não é bem como lhe contaram”, dito pela própria Malévola, já que ela é a protagonista do mesmo, e que a paz volta a reinar entre “humanos” e as criaturas de “Moors”. E o que a humana recebe por ficar do lado da anjo-caído-fada, agora recuperada? A coroa que outrora havia sido do Rei Stefan, o grande inimigo de Malévola, o qual figura nessa nova versão como traidor do anjo-caído-fada, responsável por “tirar suas asas”, só para ter a coroa de forma forjada e gananciosa, mas que no final é “precipitado do céu a terra” pelo anjo-caído-fada, em oposição à vitória do Cristo sobre a "besta", em Apocalipse caps. 19 e 20: 
"E vi descer do céu um anjo, que tinha a chave do abismo, e uma grande cadeia na sua mão.
Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos."[9]

O Rei Stefan ("O Coroado") - visão tipológica do Jesus Cristão.












Na base dessa idéia, de uso da mídia de massa para mudança dos conceitos cristãos, estão os conceitos de eras, onde estaríamos vivendo agora o início da Era de Aquarius, em substituição à Era de Pisces, sendo que esta última diz respeito ao pensamento ocidental, judaico-cristão, responsável, segundo os adeptos desse pensamento, por levar o homem às guerras, tanto religiosas quanto políticas; contudo, com a substituição da era de Peixes pela de Aquário, haveria uma evolução na mente humana, que aprenderia a convivência pacífica e à fraternidade. Tal é o pensamento dos adeptos desta corrente “New Age”. Como partícipe da construção de uma geração “melhor”, sendo preparada para a Nova Era, a grande indústria cinematográfica, com seu “papel educador”, incute conceitos às crianças, para que estas não venham tornarem-se egocêntricas como as gerações anteriores. Por isso é fácil entender o porque da necessidade de inversão pela Disney, dos conceitos maniqueístas e cristãos que foram incutidos nas sociedades ao longo dos séculos.

Veja mais em: Wikipédia - Era de Aquarius e no texto abaixo, extraído de:
http://elielgaby.blogspot.com.br/2010/11/ebo-paranaguapr-comentarios-de-ezequiel.html#comment-form

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O rei de Tiro é uma referencia a Satanás? 
(Ezequiel 28.11-19)
"A queda de Lúcifer", ilustração de Gustave Doré para o livro O Paraíso Perdido de John Milton.

E.B.O. - Paranaguá/PR - Comentários de Ezequiel 28
Conforme havia prometido aos alunos da matéria de Angelologia que ministrei na EBO em Paranaguá/PR, igreja presidida pelo Pr. José Alves, apresento alguns comentários sobre o texto de Ezequiel 28.


Parece bastante natural tomar esse poema como uma repetição, pela ênfase de Ezequiel ao criticar a queda da Tiro terrena e de seus governantes humanos. Todavia, muitos vêem a passagem como direcionada indiretamente a Satanás. Por que?

1) As descrições “sinete da perfeição, sabedoria e formosura” e, “perfeito eras nos teus caminhos desde o dia em que foste criado” soam como algo inadequado a qualquer rei humano.

2) “... Éden, jardim de Deus”, descrito como o centro do rei na terra, coberto por todas as pedras preciosas, é tomado como a região de Satanás antes de Adão ter sido criado.

3) O “querubim da guarda” é, mais uma vez, uma descrição que dificilmente se ajustaria a um rei pagão, mas ficaria mais bem posto no papel de Satanás antes da queda, na qualidade de um importante ser angelical.

4) “Até que       se achou iniqüidade em ti”, não se encaixa na doutrina da depravação humana, mas parece indicar um ato específico de pecado que acabara por corromper o ser descrito.

5) As expressões: “Eu, pois, fiz sair do meio de ti um fogo (...) e te reduzi a cinzas sobre a terra” parecem se ajustar às palavras de Cristo sobre a expulsão de Satanás do céu, conforme se encontra registrado em Lucas 10.18. 

Conquanto esses mesmos versículos admitam interpretações metafóricas e poéticas, com referência aos governantes humanos de Tiro, os que vêem Satanás nesta passagem acreditam que elas se ajustam melhor ao ser maligno. Por outro lado, um comentarista declara que, “cada característica fornecida sobre ele [o rei] nesses versículos, pode ser aplicada àluz do contexto religioso-cultural da época”.

Fonte: RICHARDS, Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia – Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo. Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD. Rio de Janeiro, 2005.

Ezequiel 28.15

“Perfeito eras”. Is 14.12 compara o rei da Babilônia à pessoa de Lúcifer, “Estrela da Manhã”. Naqueles tempos já existia a história de um anjo perfeito, dos mais gloriosos, que, querendo elevar-se acima do seu nível, foi precipitado à destruição. A Bíblia não dedica muitas linhas aos fatos ocorridos nos Céus; da mesma forma, só o primeiro versículo de Gênesis se refere à criação do universo inteiro, daí a narrativa se limitar às origens da terra, e depois à história da raça humana. Compreende-se, porém, que há uma alusão à pessoa de Satanás e que a soberba entrega a pessoa nas mãos dele.

Fonte: Bíblia Shedd. Edições Vida Nova. São Paulo, 1997.

O rei de Tiro (Ezequiel 28)

Tudo o que é dito sobre o rei de Tiro aqui deve ser entendido como tendo uma dupla referência – ao rei terreno de Tiro, um homem; e ao rei sobrenatural, Satanás ou Lúcifer, que governava Tiro por meio do monarca humana. Tanto o rei humano como o sobrenatural são mencionados e tratados nessa profecia. Afirmações que poderiam se referir ao ser humano devem ser entendidas como afirmativas que dizem respeito a ele; e aqueles que não poderiam se referir a um homem devem ser reconhecidas como referências ao ser sobrenatural.

Nesta passagem existem 21 referências a Lúcifer:

(1) Tu eras o selo da medida (modelo como em 43.10); ou seja: Tu eras o perfeito modelo (v.12).
(2) Tu eras cheio de sabedoria e perfeito em formosura (vv. 12,17).
(3) Estiveste no Éden, jardim de Deus (v.13).
(4) De toda a pedra preciosa era a tua cobertura quando estiveste no Éden.
(5) Foste criado (não nascido).
(6) Tu eras o querubim (anjo) ungido para cobrir (proteger ou abrigar, v.14).
(7) Eu te estabeleci.
(8) No monte santo de Deus estavas.
(9) No meio das pedras afogueadas andavas.
(10) Perfeito eras nos teus caminhos (nas leis em que exigi que andaste), desde o dia em que foste criado, até que se achou iniqüidade em ti (v. 15).
(11) Na multiplicação do teu comércio (tráfico) pecaste. Eu te lancei do monte de Deus (v.16).
(12) Eu te fiz perecer, ó querubim (anjo) cobridor, do meio das pedras afogueadas.
(13) Elevou-se o teu coração por causa da tua formosura (v. 17).
(14) Corrompeste a tua sabedoria por causa do teu resplendor (esplendor, formosura).
(15) Por terra te lancei (v. 17; Lc 10.18; Is 14.12-14).
(16) Diante dos reis te pus (v. 17; Mt 25.41; Ap 20.10).
(17) Pela multidão das tuas iniqüidades, pela injustiça do teu comércio profanaste os teus santuários (v. 18).
(18) Fiz sair do meio de ti um fogo, que te consumiu (v. 18; Mt 25.4; Ap 20.10)
(19) Eu te tornei em cinza sobre a terra (v. 18).
(20) Todos os que te conhecem entre os povos estão espantados de ti (v. 19).
(21) Em grande espanto te tornaste, e nunca mais serás solto entre os homens para exaltares a ti mesmo e te opores a Deus.

É verdade que algumas dessas afirmações poderiam se referir ao rei terreno de Tiro, mas grande parte delas (pontos 3-12, por exemplo) jamais poderia se aplicar a um ser humano. Reconhecendo que a lei da dupla referência se aplica a essa passagem, podemos dizer que Lúcifer é único ser nas Escrituras que poderia cumprir todas as afirmações aqui; portanto, ele deve ser o elemento em questão aqui e quem cumprirá os elementos sobrenaturais.

O tempo da queda de Lúcifer (Ezequiel 28.15)

O tempo de sua iniqüidade foi quando ele se rebelou contra Deus para exaltar seu trono e reino da terra ao céu (Is 14.12-14). O tempo de sua corrupção e pecado foi certamente antes dos dias de Adão, pois Lúcifer já era uma criatura caída quando apareceu no Éden de Adão (Gn 2; 2Co 11.4).

A blasfêmia de Lúcifer (Ezequiel 28.16)

Heb. Rekullah, tráfico. Refere-se ao andar de Lúcifer blasfemando contra Deus aos seus próprios súditos na terra, e aos súditos de Deus entre os anjos, até ter todos os seus súditos na terra se rebelando contra o Criador, bem como um terço dos anjos (Is 14.12-14; 2Pe 3.4-6; Ap 12.4). Independentemente do que seja, está claro aqui que o comportamento resultou em violência; e Lúcifer pecou e rompeu com Deus. Essa não poderia ser uma referência a um rei na terra, como o governante de Tiro fazendo negócios comuns com as nações. Definitivamente diz respeito ao comércio de um querubim, e não de um homem. Todo o comércio entre as nações do mundo inteiro não poderia levar um anjo a pecar, como aconteceu aqui no v. 16.

O monte de Deus (Ezequiel 28.16)

Nenhum anjo esteve em algum monte santo de Deus durante o governo do rei terreno de Tiro, por isso a referência diz respeito ao passado eterno em que o próprio querubim tinha um trono literal na terra sobre o monte santo de Deus. Aqui temos uma compreensão da posição de Lúcifer antes de sua queda, e uma revelação sobre a causa de sua queda (vv. 13-17). O termo monte/montanha de Deus e suas variações ocorrem seis vezes (Gn 22.14; Nm 10.33; Is 2.3; 30.29; Mq 4.2; Zc 8.3). Todas essas passagens bíblicas não se referem ao mesmo monte no mesmo lugar, como se pode ver em diversas passagens.

Lúcifer é expulso do céu (Ezequiel 28.17)

Ele foi lançado do céu de volta à terra na época de sua invasão do céu (v. 17; Is 14.12-14; Lc 10.18), e será lançado à terra novamente no meio da 70ª semana de Daniel (Ap 12.7-12). Então ele será lançado no abismo por mil anos e será solto por um breve espaço de tempo novamente no final desse período. Depois disso, será lançado no lago de fogo para ser atormentado para sempre (Ap 20.1-10).

Lúcifer é humilhado (Ezequiel 28.17)

Ele já havia sido humilhado diante dos reis, pois foi lançado à terra diante de todas as nações sobre as quais reinava antes da época de Adão (Is 14.12-14). Será mais uma vez terrivelmente humilhado diante dos reis da terra aos quais liderará com o Anticristo na batalha do Armagedom (Ap 12.7-12; 16.13-16; 19.11-21; 20.1-3). Então, mais uma vez, no final do Milênio, ele será lançado no inferno diante de todos os reis e dos outros que passarão a eternidade no lago de fogo (Mt 25.41; Ap 20.10).

Tornado em cinza (Ezequiel 28.18)

Ele cairá como cinzas no chão. Cinzas falam da terrível humilhação e, como elas, ele literalmente cairá ao chão, e então será lançado no inferno, onde homens irão observá-lo (vv. 17,18). Isso não faz referência ao seu corpo sendo transformado em cinzas, então esses homens não poderiam vê-lo ou saber que ele foi Satanás. Portanto, não se deve considerar que ele tem um corpo mortal que pode ser transformado em cinzas. As pessoas se espantarão com ele, e não com as suas cinzas (vv. 18,19).

Fonte: Bíblia de Estudo Dake. Casa Publicadora das Assembléias de Deus – CPAD. Rio de Janeiro, 2009.





[1] Bíblia de Estudo DAKE.
[2] Isaías 14:12 (Almeida Corrigida e Revisada Fiel)
[3] O original hebraico não possuía vogais, que foram acrescentadas posteriormente.
[4] Ezequiel 28:13
[5] Ibid. (v. 14)
[6] Lucas 10:18
[7] Ezequiel 28:15-16
[8] Apocalipse 12:7-9
[9]Apocalipse 20:1-2